quinta-feira, 28 de outubro de 2010

ESCOLHAS


Eu sei, faz mais de 10 dias que não posto nada. Tentei postar mais um capítulo do livro, mas ele não fazia nenhum sentido com o que eu estava sentindo naquele momento e, consequentemente, não ficou bom. Por isso, optei por me calar, até reencontrar meu equilíbrio. E assim é a vida!
Acordar é uma escolha do ser humano! E, se você decidir levantar da cama, terá de arcar com as conseqüências do dia a dia.
Vim para Santos pensando: “em qual momento da vida fazemos nossa primeira escolha?”. E me peguei lembrando da minha sobrinha... nascimento, fraldas, leite, fraldas, banhos, fraldas, chupeta, mais fraldas, cólicas e, fraldas, para não perder o costume!
Acho que a primeira escolha consciente dela (e confesso que a relacionei com a primeira escolha de toda pessoa) foi deixar de brincar com o patinho, para dar atenção a uma boneca. Vejam como é curioso: a primeira escolha da vida é uma brincadeira e, em momento algum, o bebê para de brincar, para saber se está agindo da maneira correta. Ele troca e ponto final!
Os bebês simplesmente optam por um brinquedo novo e, se não lhes agrada, voltam para o anterior, sem nenhum pudor (que só descobrimos existir depois de grandinhos...).
E assim deveríamos encarar nossas escolhas... porém, nós crescemos e a vida nos impõe uma série de metas... sucesso, dinheiro, família, amor, felicidade eterna, etc... e aí nasce a maior das discussões: como escolher sempre a opção certa, para alcançar todos esses objetivos?
O que esquecem de nos contar é que na vida não existe fórmula mágica. Não existe “O SEGREDO” (desculpe-me quem gostou do livro, mas eu odiei!). Não existe certo e errado.
O certo e o errado estão dentro da sua cabeça, são conceitos subjetivos, e eles apenas são os caminhos pelos quais podemos andar (ou correr, se você preferir!). O que considero certo, você pode achar errado. E, pior, o que considero certo hoje, posso entender errado dentro de alguns anos. Ou seja, hoje, eu não agiria como agi quando tinha 20 anos de idade.
Mas, aos 20 anos, eu sentia que estava fazendo o certo! Isto porque o certo e o errado dependem da forma que você pensa e do que você está vivendo, em determinado momento!
O fato é que independentemente de sua escolha ser certa ou errada, você terá de arcar com as conseqüências! Percebam: somos os únicos responsáveis pelas nossas escolhas, o que nos torna os únicos responsáveis pelas conseqüências... então, temos que suportá-las, mesmo que não sejam os resultados esperados!
Sushi ou sashimi? Eu não gosto de nenhum deles... prefiro uma bela macarronada! Acompanho meus amigos, mas não como... não tolero bebidas alcoólicas... não fumo... não vou a shows de heavy metal... são minhas escolhas... mas juro que tenho muitos amigos e todos me amam... todos eles sabem como sou e me respeitam!
Você não precisa agradar os outros... você precisa agradar apenas a si mesmo! Suas escolhas devem ser um reflexo do respeito próprio! Ainda que as conseqüências não sejam agradáveis, é você que estará no final do caminho...
Quando criança, eu era “da pá virada”... a rainha da bagunça, das encrencas e tudo mais que vocês puderem imaginar. Era feliz assim, sendo contestadora e espontânea. Só que essas atitudes me geraram muitos problemas: era sempre culpada por qualquer coisa errada que acontecesse (mesmo que eu não estivesse envolvida), minha mãe não confiava na minha palavra e, por fim, estava sempre apanhando.
Hoje vejo que fui me cansando das conseqüências e decidi ser o que os outros queriam que eu fosse. Eu me deixei de lado! Mas foi uma escolha minha e, atualmente, venho assumindo as conseqüências.
Permiti que escolhessem a faculdade que eu deveria fazer, a cidade que eu ia morar, com quem eu poderia me relacionar e onde iria trabalhar! Tudo para agradar e achar que assim eu era amada, já que sendo eu mesma, só levava “porrada”!
E aí? Surtei, óbvio!!! A expressão “medo, terror e pânico” explica bem a pessoa que me tornei. Amargurada, insegura, infeliz, zero de autoestima, cansada da vida e da pessoa que eu tinha me tornado.
A parte mais difícil foi assumir que a culpa era minha, pois esse foi o caminho que eu resolvi trilhar! Na época, achei que era o certo, mas hoje vejo o quão errado foi!
O lado bom da história é que nunca é tarde para mudar de estrada. Não dá para voltar e apagar tudo o que ficou pra trás (até porque, você apagaria a si mesmo). Contudo, é permitido mudar sua rota.
Qual o caminho certo a seguir agora? Não sei, mas o melhor a fazer é tentar mudar...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

VIAJANDO NO AMOR PRÓPRIO

Em outubro de 2009, fui ver meus amigos, em Belo Horizonte.

Entrei no avião, esperei que todos tomassem seus assentos e saquei um livro da bolsa (“O ciclo da Autosabotagem”, de Stanley Rosner e Patrícia Hermes), certa de que não viajaria ninguém ao meu lado.

De repente, novas pessoas começaram a entrar no avião. Levantei os olhos e um rapaz que tinha acabado de entrar olhava para mim. Quando nossos olhos se cruzaram, ganhei um grande e sincero sorriso (e que belo sorriso, diga-se de passagem!). Eu retribui. Ele parou ao meu lado, e pediu licença para se sentar.

Quando achei que iria continuar a ler meu livro, uma fulana, que estava sentada no banco de trás, começou a contar sua vida pessoal aos berros, para que todos do avião ouvissem (era o famoso tipo "patricinha sem noção", toda maquiada e cheia de penduricalhos como uma árvore de Natal). Eu não conseguia me concentrar de jeito nenhum, porque ela falava umas bobagens tão absurdas, que acabei me irritando.

Fechei o livro brava e devo ter bufado, porque meu vizinho de poltrona deu uma risada e puxou assunto. Ele é de Recife e ia a trabalho para BH. Conversamos a viagem inteira e, ao sairmos do avião, trocamos cartões.

Imaginei que nunca mais fosse ter notícias dele, mas alguns dias depois, recebi um email e começamos a nos corresponder. Atualmente, nos falamos por MSN, emails e Nextel. Somos grandes amigos!

Hoje cedo, logo depois de eu ganhar “bom dia”, ele disse “Ana, estou carente!”. Eu, brincando, perguntei porque ele insistia em namorar uma moça que mora em Brasília, já que era evidente que ela não dava conta do recado.

Fiquei surpresa com a resposta: “Não consigo ficar sozinho!”. Foi, então, que a bronca começou e, uns minutos depois, ele pediu um tempo para respirar, porque as coisas que eu falava estavam “descendo quadrado”.

Sinceramente, hoje, após alguns anos de terapia e muitos anos me maltratando, sei que, “não consigo ficar sozinho” é desculpa para você não sair do seu ciclo de autosabotagem e continuar sentado, lambendo feridas que nunca cicatrizarão, pois a pessoa simplesmente não tem amor próprio.

Só não consegue ficar sozinho quem não se ama e necessita de alguém ao seu lado, porque assim fica a impressão de que o amor do outro compensa a falta de amor por si mesmo! Ocorre que, chega um momento, que o amor que o outro te dá não é suficiente, pois o que te falta não é o amor de outra pessoa, mas sim o seu próprio amor!!!

Se você se amar, seu companheiro pode estar do outro lado do mundo, sem que você se sinta solitário e carente! Você pode sentir saudade da pessoa, do abraço, do sexo, do beijo, do cheiro. Mas você não se sentirá carente!

E, amor próprio não significa gostar do seu corpo! Você pode ser rico ou pobre, gordo ou magro, alto ou baixo, burro ou inteligente, careca ou cabeludo, peituda ou despeitada, roqueira ou funkeira. Tanto faz! Você precisa amar QUEM você... os seus princípios morais, suas atitudes, seu jeito de ser. Você tem que respeitar a si mesmo, agindo sempre de acordo com sua consciência e o seu coração.

Claro que viver é saber fazer concessões! Mas você não deve “abrir mão” de si mesmo para agradar outra pessoa. Se isto acontecer, significa que perdeu o respeito por si próprio. E não espere que o outro te respeite ou te valorize!

Por isso, não fique esperando alguém que te ame, para sentir completo o vazio que existe dentro de você. Quem abriu este buraco foi você! Não passe a “batata quente” para outra pessoa, pois não é justo!

Você nunca conseguirá amar outra pessoa, da forma que ela merece, se antes não amar a si próprio. Portanto, não cobre do outro o que nem você consegue se dar!

Crescer e amadurecer não é só trabalhar e ter grana para pagar o Motel. Você precisa dar valor ao suor do seu rosto, seja ele oriundo do trabalho ou de uma bela noite de amor!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

ESPELHO, ESPELHO MEU!


Óbvio que estou solteira! Quem vai gostar de alguém que não se gosta????

Se estou carente???? Que pergunta mais sem pé nem cabeça, hein!!! A carência é amiga íntima da comida e, atualmente, eu não vivo sem elas.

Tenho a nítida impressão de que vivi os últimos 15 anos dentro de um círculo vicioso. Vou explicar: eu me sentia responsável por manter minha família unida, porque a família é muito importante para mim.

O curioso é que ninguém me deu esta obrigação! Eu me sentia responsável simplesmente por me sentir assim. Talvez porque eu não quisesse perder a "noção de família"!

Mas isto não estava ao meu alcance, então, eu me senti fracassada, comecei a comer e engordar. Não gostava do que via e achava que os outros também não gostariam. Fui me afastando de todos e me envolvendo com pessoas que não tinham nada a ver comigo.

Estava fracassada e perdida, pois não sabia o que fazer para mudar. Então, comia mais, para ficar feliz!!! Coma, engorde mais e se afaste mais, até se sentir totalmente sozinha e, assim, carente!

Está carente? O mundo não é o lugar onde você gostaria de estar? Então crie o seu mundo: coma, e viva no seu mundinho!!!

Resultado: depressão, crise de pânico, carência, incompreensão, vergonha, e mais medo. Medo de me olhar no espelho e não saber mais quem eu era!

Difícil mesmo foi me olhar no espelho e dizer “não, eu não sei de quem é esse reflexo”, porque nos meus sonhos, eu não apareço com este corpo.

A primeira vez que não me reconheci no espelho, foi aos 16 anos. Novinha ainda, né?

Estava na viagem de formatura do 3º colegial, em um “acampamento”. Os monitores, além de proibir os casais de namorados de ficarem juntos à noite, também nos reuniam em grupos para fazer algumas atividades.

Eu não lembro como foi o início do exercício. Só recordo que, em determinado momento, tínhamos que ficar em círculo, virados para fora, de mãos dadas. Com os olhos fechados, sentamos no chão. Tocava Watermark, da Enya, e a monitora falava, com um tom de voz muito suave.

Ela dizia coisas que nos faziam olhar para dentro de nós mesmos. E, depois de um determinado momento, ela tocava o seu ombro e você deveria abrir os olhos.

Quando fui tocada, encarei uma pessoa que eu não conhecia. Depois de alguns segundos, percebi que estava diante de um espelho e a imagem que eu via era de mim mesma, mas eu não conseguia me reconhecer.

Chorei muito. Chorei por saber que eu não me conhecia mais e por não saber o que eu tinha feito comigo mesma. Não sabia em que eu havia me transformado. Aonde foi que me perdi? Mesmo depois de um ano de terapia, ainda não descobri (dois anos de terapia e estou chegando a conclusão de que não me perdi, pois nunca soube quem eu era de verdade).

Mas, dizem por aí, que nunca é tarde para se encontrar!

obs.: o texto reflete o que eu pensava na época em que escrevi. Hoje, descobri que tenho um problema e meu organismo não processa a insulina, o que atrasa o metabolismo, impede a menstruação, causa ovário policístico, entre outras coisas... estou tratando e emagrecendo aos poucos, conforme meu organismo se adapta à produção hormonal, mas é claro que toda a comida que ingeri também ajudou no "processo de engorda".