domingo, 12 de setembro de 2010

A LIBERTAÇÃO


Os últimos dias têm sido de pura descoberta e, consequentemente, libertação.

Estou me libertando de mim mesma, ou, como prefere minha mãe, estou me perdoando.

Na verdade, estou me libertando da pessoa que eu acho que sou, ou melhor, da pessoa que me tornei. É tão complicado que fica difícil explicar.

Tenho dois Gurus, um que me ajuda a encontrar o equilíbrio espiritual, e o outro, quer dizer, a outra, me ajuda a encontrar o equilíbrio emocional/racional.

Já apresentei vocês a ela: minha terapeuta, que me incentivou a escrever o livro, que acabou virando este blog. A "pobre coitada" que suporta meus "surtos de loucura total", como eu digo.

Lógico que ela briga comigo, quando falo essas coisas!!! Ela diz que se existe uma pessoa no mundo que não é insana, essa pessoa sou eu.

Dia desses, cheguei ao consultório dela dizendo “menti para você e para mim mesma, durante estes dois anos”. Achei que ela fosse cair dura, com um ataque cardíaco fulminante. Ela riu, pediu para que eu falasse e que, se fosse o caso, daria alta naquele momento.

Nem preciso dizer que ela não me deu alta, pois ela já sabia tudo que eu falei, só esperava que eu mesma expressasse e admitisse o que deixei fazerem da minha vida. Isso mesmo, eu permiti que fizessem da minha vida um verdadeiro inferno, no qual eu não suportava viver. Por isso, como ela mesma diz, durante 32 anos, eu sobrevivi...

Certo dia, ela propôs um exercício terapêutico: usar uma raquete de tênis para bater em um colchão, de forma e libertar um pouco da raiva armazenada.

Tive medo. Muito medo. Aliás, passei uma semana com medo da “próxima sessão”. Medo de não saber por onde começar; medo de não conseguir parar, de não conseguir controlar, de não saber o que aconteceria após a primeira "surra" no colchão.

O receio de perder o controle tem explicação. Sou neta de uma senhora extremamente inteligente, mas depressiva. Filha de uma das mulheres mais fortes que já conheci na vida, mas depressiva. Por isso, desde que comecei a perceber que havia "herdado" a depressão, passei a tentar controlá-la, como se isso fosse possível.

Assim, quando eu menos esperava, estava lá eu, agachada no canto da sala, do apartamento de São Paulo, sozinha, abraçando as pernas e chorando feito bebê, com apenas 18 anos de idade.

Tinha vergonha disto e agia como se nada estivesse acontecendo, quando acompanhada. E guardava as mágoas. Guardava a raiva, a tristeza, a dor. Só percebi que aquilo era depressão muitos anos depois.

Certa vez, uma grande amiga disse: “Nunca imaginei que você fosse insegura!”. Minha resposta foi: “Eu finjo bem!”. Santa amiga! Ela que me indicou minha terapeuta. Aliás, minha amizade com ela foi quase uma saga. Daria um conto de Machado de Assis! Mas, o resultado foi totalmente positivo, pois somos muito amigas e confiamos demais uma na outra.

Depois dessa conversa ela entendeu como eu dirigia minha vida. Façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço. Até porque, nem eu mesma sabia o que fazia. Foi difícil, mas hoje sei que durante muito tempo agi como os outros esperavam que eu agisse, de tal forma que nunca soube quem eu realmente era.
 

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